Qual a cara do cavalo do Diabo?

Quem não sabe pra que lado vai correr numa hora difícil como essa minha agora e de tantos outros seres que acordaram nesta segunda-feira insossa, com idéias e compromissos mas poucas perspectivas sobre a terça-feira. Geralmente, ou corre pra qualquer lado ou fica parado, estático achando que nada de pior pode acontecer já que, sem as tais perspectivas de uma vida melhor, sem alternativas de um futuro mais próspero e com a famosa ‘depressão’ que normalmente afeta metade dos trabalhadores que dão duro pra passar a vida andando de ônibus, escolhendo entre o plano de saúde e um aluguel mais caro para uma vida mais confortável, nem imagina que o pior está vindo, e ele vem vindo a cavalo, o diabo.
Você por uma acaso já viu a cara do diabo?
Todo mundo se preocupa, queira ou não, consciente ou inconsciente com o tal do diabo. Se você acha que você é o único que não se preocupa com isso,da forma em que eu expus, pare de ler agora, pois você é Deus e não sabe ainda. Procura o Dalai Lama o mais rápido possível. E mude o mundo já, e com as mãos!
Agora, para aqueles que apenas duvidam de sua existência é porque não acreditam em Deus. O diabo é o lado criativo Dele, ou você pensa que seríamos apenas felizes e gordos sem passar por tristezas incomensuráveis e muita fome antes; o diabo é o crivo. (Ying-Yiang). Simples.
Poderia eu aqui fazer qualquer apóstata, ou ateu acreditar em Deus e no diabo, tenho argumentos teológico-mundano-boêmios e principalmente ‘lábia’ pra isso, mas não é essa a questão. Acredite em você antes de me dar razão por alguma coisa.
Pense comigo, de tanto ele, o diabo, ser falado, comentado, temido, exorcizado, amaldiçoado. Está sempre na boca e nos pensamentos do povo. Nas maldades dos políticos e nos eleitores que vêem a noticia pela televisão e falam mal, blasfemam, mas continuam votando mal. Nas senhoras que não dão moedas para pedintes em ônibus pelo simples fato de eles beberem pinga com essas moedas. “Cada um se fortalece como pode ou conhece, minha senhora”. Na ignorância de um povo sempre iludido que a grama do vizinho é sempre mais verde, eu perderia horas dando exemplos de maldade aqui.
Os que tiveram a experiência de encontrá-lo pessoalmente, seja por ‘maldiçoamento’ desesperado ou apenas negócios. Comentam a respeito até do bafo de enxofre, seus olhos esbugalhados e maléficos trocando almas de seres gananciosos por poucas e deliciosamente boas coisas mundanas, dizem e desdizem ainda do seu chifre e sua capacidade de se transformar em uma mulher linda, sedutora que até a Jesus Cristo tentou. Fogo que sai do chão, isso eu mesmo vi! Acredite.
Ah! A ira, como posso esquecer a ira desse ser tão maléfico e encantador, tão pudorento e atraente que no desespero do fundo de qualquer poço humano, qualquer queda fraca ao chão ele está lá, chega primeiro, silente, esperando o momento certo a oferecer a mão para nossa ascensão. Com poucas e honestas exigências, óbvio e claro.
O que é uma pequenina alma em troca da saída de nossos problemas insolúveis cotidianos, da nossa paz interior em nossas neuroses diárias que nunca nos abandonam? Por mais fortes que sejam as balançadas de cabelo de nossa feiticeira predileta, o diabo sempre está por cima observando nossa dor, esperando nossas fraquejadas e inseguranças.
E dinheiro então? Esse nos transforma em elfos servis ao capeta. O dinheiro nos deixa felizes e superiores quando o temos, e tristes e inferiores quando falta. Pode até ser um contra senso, mas uma coisa é clara: Que penosa nossa vida mundana! Que regozijo diabólico!
Nossa inveja humana, nossa raiva, ira e sei lá quantos forem os pecados de setenta vezes sete maldades que cometemos todos os dias, não são nada pra ele.
E não vem pensar que você, só você, é a única pessoa do mundo que não fala mal do chefe, que não reclama do calor, que não manda seu irmão calar a boca, que vota bem, que nunca deu um fora em alguém apaixonado só por altruísmo, ou amor próprio, que briga com a mãe só porque ela não é igual a mãe de sua amiga, que xinga o garçom porque ele trouxe outra marca de cerveja e não a que pediu. São cotidianas as maldades, são simples as nossas pequenas prevaricações com o diabo. Abraça-lo e beija-lo na boca então, como diz o ditado, é assassinato passional, é cadeia.
Ouço uma frase sempre, que eu mesmo a pronuncio vez ou outra: “Vá pro diabo que te carregue!”. E aí é que reside a questão de todo esse falatório que reduz você leitor ao que é, nada!
O diabo muitas vezes vem e nos carrega. Pega no colo, deixa um mundo de palavras boas e perversas em nosso vocabulário, frases feitas que na hora agá são da maior serventia, coisas como: “aquele filho-da-puta me paga!”, “Amanhã eu pego ela, e ela vai ver com quantos paus se faz uma canoa!” “Tudo bem, hoje passa, mas amanhã será minha vez”, “A vingança é um prato que se come frio”!
Tudo certo, posso falar várias dessas aqui, conheço quase todas, mas isso são só as frases comuns, ditos populares que se ouve do fim do mundo ao começo da Terra. Imagine você aquelas que saem de nossa alma na hora, aquelas que só dizem respeito a nós e aos nossos alvos humanos em nossos momentos de fraqueza (pecado!?). E, olha por conhecimento de causa, muitas vezes tais palavras e julgamentos seriam impublicáveis aqui.
Mas, quem carrega o diabo e dá a liberdade dele agir em nossa alma e em nosso subconsciente assim, rápido e sempre, sem pensar muito? Quem o leva até nós por súplica, anseios ou até mesmo contra nossos desejos?
Quem carrega o diabo em sela de prata? Quem é o cavalo do diabo? Qual a cara do cavalo do diabo?
Você, não vai agora depois desses argumentos poucos (poderiam ser muitos mais) dizer: “Esse cara está mentindo, que bobagem, diabo, Deus, pecado, isso não existe”. “Ah! Errar não é pecado!...” “A vida é assim mesmo.” “Mentimos para nos defender!” “Xingamos para extravasar!”
Será? Não seria o silêncio a espada e o escudo dos inocentes?
Não questiono o bem e o mal aqui, não questiono como fazemos para sobreviver nesta selva de pedras que criamos, e muito menos sou padre, juiz ou Deus para julgar ninguém. Apesar do desejo enorme que tenho disso sempre. Quem sou eu senão um escritor apenas?
Mas pergunto sinceramente: Qual a cara do cavalo do diabo? E melhoro minha pergunta: Quem é o cavalo do diabo? Essa resposta eu tenho e é simples... Olha pro espelho meu caro!


... GATO LARANJA ...
18/02/2008

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