Uma Fada de um Conto Real

A historia que vou contar aqui, nem eu acredito direito, pois não sou cético de um todo, mas não acredito em fadas e coisas do tipo, seres super-fantásticos então me fazem rir. Mas uma coisa do que você leitor vai saber é que aconteceu de verdade. E que apesar de tudo esta fada, no sentido literal da palavra, existe. Ela vive ainda e sobrevive as maldades de um mundo sem fé e com crenças absurdas e preconceituosas em que vivemos.
Você pode, se acreditar em conto de fadas e duendes em arco-íris e potes de ouro, parar de ler aqui. E se pretende ver mais um Harry Potter da terra do nunca, esqueça.
Ainda, antes de mais nada, se fosse eu contar toda história dela aqui, esta não seria uma crônica e sim um livro, daqueles que ficam em pé na mesa.
A fada da qual falo é uma fada mesmo, dessas que voam, têm varinha de condão, fazem mágicas e adivinham o futuro. Sim literalmente, acredite.
Mas ela veio nascer aqui na Terra, veio para este mundo real por um destino desconhecido. Na sua tenra idade, quando já voava por aí, desejando e atendendo a desejos de seus protegidos (pois fadas têm protegidos, assim como os anjos os têm). Ela se perguntava: porque as coisas eram tão diferentes? Ela voava e seus amiguinhos não. Ela tinha poderes que os outros, além de não entender, não os tinham.
Era uma criança feliz. Fora batizada cristã, mas havia um porém, fadas e anjos já têm seu nome escolhido no antes do astral, por Deus e ela sempre recusou seu nome de batismo, e resolveu aos oito anos de idade que aceitaria o destino e seu nome transcendental e ancestral. Nome de fada vem pronto. E Emmanuele era seu nome.
Conforme o tempo foi passando, e ela foi crescendo, seus poderes foram aumentando, aprendeu a ler o futuro das pessoas e depois o seu próprio.
Foi o começo de uma grande mudança, de uma grande jornada e busca. Decidiu entender melhor sobre nosso mundo real. Pois apesar de viver e ter nascido aqui, no novo mundo, na América do Sul, ela já tinha aprendido que era uma fada e o que isso significava para os humanos.
Mas humanos são falhos, pecadores e mortais. Ao contrário de Emmanuele, imortal. E assim foi fácil entender sobre os perigos que ela corria entre nós.
E de conceitos fincados em nossas almas humanas pecadoras, conceitos formados e pré-fabricados, seria difícil realmente ela ser entendida por este mundo. Tendo o tempo da inquisição passado há muito, ela ainda teve sorte de não ter sido queimada em fogueira. Mas engana-se que o fogo ainda não arde, pois ninguém a entendia. Ninguém a queria reinando em sua beleza e sua magia de bondade aqui na Terra.
Cresceu Emmanuele, a uma vida adulta sem medo, pois seus poderes a defendiam de inquisições e preconceitos. Ainda que a maldade imperasse nos corações humanos que a cercavam.
Mas o fogo ainda ardia à sua espera, sempre.
Tentando levar uma vida humana, amou, foi amada, sofreu desilusões mortais, às vezes desilusões tão humanas que seu coração de fada não conseguia entender, mas se resiguinava ao passar da vida aqui na Terra.
Foi quando a conheci, no auge da desilusão de sua existência. E este auge era como a queda de um precipício.
Ela me confidenciou que poucas pessoas assim como eu podiam enxergá-la por dentro, mas havia se esquecido ou não entendeu que esse poder de ver almas também eu tenho, não sou humano, sou gato. Apenas, da mesma forma que ela, finjo que sou humano. Como ela sempre o fez. Por toda sua existência.
Nossas almas se encaixaram e senti que conheci alguém que sofria o que eu sofri e sofro até hoje. Foi quando ela me fez uma confidência: estava, depois de tanto perecer nas mãos humanas, morando em seus sonhos, atitudes e magias no lado escuro da Lua. Disse-me ela que havia se encontrado na vida, que depois de uma longa conversa com uma Bruxa Negra, viu que seu lugar não era a luz da humanidade e sim as trevas da noite. No escuro do ser na existência da mesma Lua era onde se encontrava consigo mesma. Mas sua alma ainda sofria. Pois era uma fada terrena e por mais que se escondesse, o mundo a encontrava e a maltratava.
Minha afeição e amor por ela foram tão grandes, que logo percebi que ali não era seu lugar. E eu gato escaldado, em cima do telhado, tentava com meus miados à Lua cheia, vê-la na luz. Em vão.
Emmanuele se recusava a ir para a luz do sol que molha a face doce da Lua, apesar de nossa amizade. E foi aí que eu vi que fadas também têm medo, insegurança e sofrem por amor e preconceito sobre seus poderes. Mas isto nós gatos e vocês humanos também o sofrem, não é?
Ficamos bons amigos, chegamos até achar que um gato poderia amar uma fada, e uma fada ser feliz ao lado de um gato. Engano-nos em nossas divagações, eu do meu telhado e ela me mandando vibrações do lado negro da Lua.
Assim Emmanuele, depois de muitos sofrimentos, dúvidas, angústias e magias negras (pois se recusava a seu destino) saiu em busca de si mesma. Perdemos o contato e eu continuei em meu telhado miando para a Lua, pedindo a mesma Lua que a protegesse em sua jornada. Tocando minha vida de gato, minha vida noturna e felina.
Veio-me a informação de que Emmanuele fora para o Velho Mundo, peregrinava em busca de si mesma, de sua bondade e seus velhos hábitos de fada de luz perdidos no tempo e na solidão do preconceito e religiosidade humana latino americana. Passou pela Península Itálica, Nórdica e até na Ibéria foi parar. Buscava assim como aquele velho alquimista seu tesouro, seu encontro consigo mesma, com luz e sua pedra filosofal.
Vez outra a Lua minguante chorava para mim as dores de Emmanuele lá longe e eu miava para que ela a esquivasse do mal, dos homens e da escuridão das almas maldosas.
Passados anos depois desse meu encontro com a Lua minguante, o Sol veio e me disse que ela, através de uma grande perda voltou para a Terra, mais exatamente para sue país, sua terra natal, Sorocaba, que por coincidência foi onde este gato que vos escreve nasceu também.
Voltara com dor no coração, mas desta vez pude a ver num vestido branco de uma seda mágica, angelical e de bem consigo mesma. A fada voltara à luz da qual fora gerada.
E meu último miado que se tem notícia para Lua cheia foi de vê-la, feliz, forte e cheia de luz.
Bem vinda a Terra Emmanuele, bem vinda à luz e conte sempre com este Gato Laranja, pois todos os felinos do mundo regozijaram com a volta de sua magia boa, de seu amor por si mesma e por sentirem em você a real felicidade.
É difícil fingir ser um ser humano, quando nascemos aqui sendo gatos, anjos ou fadas. Mas a luz é o caminho. Você veio da luz.
E assim termina este conto de fadas de um mundo real, se quiser acreditar, isto já não é um problema felino meu, pois as crenças e conceitos formados e enraizados podem ajudar ou atrapalhar nossa existência aqui na Terra.
Mas de qualquer forma todos os seres, sejam fantásticos, animais ou humanos, viemos da mesma Luz, viemos do mesmo Deus.
Abençoada seja sua e a nossa volta aos belos sonhos infantis, de bondade, fadas madrinhas de varinha na mão e soluções mágicas de luz, bondade e complacência.



(para Fê, com carinho)


GATO LARANJA
...07/03/2008...

Um comentário:

Unknown disse...

Se essa Fada pudesse com certeza realizar um desejo próprio, certamente nesse exato momento eu estaria apontando minha varinha pra ti e impondo ao tempo e destino com as Moiras que seu sucesso sempre seja garantido, embora desde longe eu tenha acompanhado sua queda e agora te vejo no topo novamente, ao menos meus olhos vermelhos ja podem brilhar tornando-se verdes assim como as ondas dos oceanos que fazem as rochas se quebrar, e assim ver mais uma jornada sua se realizar.....beijos muito grandes.